desprezo e festas no lombo

retomo a actividade neste espaço passado muito tempo, talvez demasiado desde a última vez que aqui partilhei conversas.

neste reencontro apetecia-me falar de muitos assuntos: a crise portuguesa e os contornos do (des)governo português, a morte do “chefe” artur agostinho ou até mesmo conversar sobre a crise japonesa e, na diagonal, deitar um olhar sobre o ataque à líbia… contudo, vou resistir à tentação e irei falar sobre um assunto a que recorrentemente me recuso falar: futebol.

a poucos dias de um escaldante jogo, que serão dois, entre o benfica e o porto, agudizam-se tensões e extremam-se posições. tudo em nome do jogo mas onde o fanatismo ou outros interesses mais obscuros, daqueles a que recorrentemente o futebol português está ligado e teima em não largar. de agressão em agressão, de “bocas em bocas”, “lá vamos cantando e rindo”, quais papalvos, nas mãos de um caciquismo alarmante que busca na paixão popular aconchego para outros interesses.

temo que acontecimentos graves possam vir a ocorrer nos próximos dias, excessos provocados por gente que vê na bola um escape para as frustrações da vida sem se aperceber que apenas e só está a ser manobrada, à distância, por um controlador implacável que procura vencer a todo o custo, sem olhar a meios nem ás baixas provocadas.

num país onde palavras como dignidade, justiça, civismo, respeito ou educação fazem pouco ou nenhum sentido, aguardo com preocupação o que está para vir com a remota esperança de que, na hora da verdade, o tiro saia pela culatra a quem anda a tentar a todo o custo o regresso do reino do ganhar, a qualquer custo, o que equivaleria por dizer que todas as provocações ficarão sem resposta a não ser na humilhação suprema do acontecimento desportivo em si e do desprezo e no ignorar gente menor que mais não merece senão um olhar meigo e uma festa do lombo como se faz aos cães que ladram muito mas que não passam disso mesmo: de cães…

Comentários

Joseph Lemos disse…
Sejas bem aparecido e faço um voto para que a tua presença seja mais presente.Fazes falta.Sabias,Zé Carlos?

Outro voto que faço e aproveitando o tal ''tiro pela culatra'',que este finalmente atinja em cheio o animal e a ''selva'' se recomponha depois de cerca de 30 anos de erosão.

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