o pintor

há 25 anos que mora aqui na graça um pintor com quem nunca havia conversado, de resto e em bom rigor nem sabia que ele morava na graça, conheci-o no meco, nas loucas noites de copos, e não tive a melhor das impressões do sujeito.
há 4 anos quando regressei ao bairro, cruzei-me com ele no mesmo café onde habitualmente bebo a minha italiana e a minha água das pedras, fria.
num fim de tarde trocámos umas palavras e concluímos que nenhum havia gostado do outro na primeira vez que os nossos caminhos se cruzaram algures entre o amo-te meco e o bar da praia.
para ele eu não passava de um bruto arrogante que fala alto e dele, pensei eu, que se tratava de um pedante que com uns copos a mais se torna chato, melga e inconveniente.
hoje, anos passados reconhecemos ambos que estávamos errados e reconheço ainda que tenho o privilégio de ter por amigo um enorme talento da pintura portuguesa.
infelizmente, e porque estamos em portugal país culturalmente rico mas onde ser-se artista não é garante de estabilidade, o pedro, é esse o seu primeiro nome, vive em função dos quadros que vende e, como não faz parte do lote dos eleitos que caíram em graça apesar de muitos deles não possuírem o seu talento, as suas obras são praticamente desconhecidas do grande público.
já fez exposições em vários paises dos estados unidos a espanha, do japão à holanda e ao brasil onde viveu 10 anos.
pedro homem de mello, é este o nome do artista, sobrinho neto de um poeta reconhecido, irmão de artistas conhecidos e possuidor de um talento reconhecido por poucos, merece o meu aplauso, apoio e amizade.

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