o que nos une
a minha melhor amiga chama-se carmen marques e é uma mulher muito dada às causas de esquerda ou não seja ela a última verdadeira comunista viva em todo o mundo e a quem apelido carinhosamente, desde o principio dos tempos em que a quis atropelar por andar a fazer campanha pelo pcp em sesimbra, de "bolchevique" enviou-me um mail em jeito de resposta a um que eu próprio lhe havia endereçado.
nesse mail, que eu próprio havia recebido em jeito de "cadeia" de um amigo da comunidade judaica, dava-se conta da história de um judeu americano que de visita a israel foi salvo de um atentado num estabelecimento comercial porque um israelita lhe havia cedido a vez na fila. quando chegou à rua um bombista suicida fez-se deflagrar e a tragédia aconteceu. o americano procurou entre as vitimas o israelita que indirectamente lhe havia salvo a vida e encontrou-o ferido mas salvo. meses mais tarde, já nos estados unidos, o americano recebeu um telefonema do filho do israelita informando-o que o pai ia fazer uma cirurgia em boston e o americano, que vivia em nova iorque, lá foi para boston prestar toda a ajuda.
uma história verdadeira e de inegável valor humano.
a minha amiga "bolchevique", dada como já disse às causas vermelhas, respondeu-me dizendo que eu era "assim e assado" e que morrem centenas de palestinianos e ninguém fala nisso, enfim chamou-me todos os nomes possíveis e imaginários, justos e injustos, verdadeiros e falsos.
pela noite enviou-me a história de omer goldman granot, filha do antigo nº 2 da mossad e pacifista assumida.
omer tem 19 anos e por se ter recusado a integrar o exército israelita tem sido sistematicamente detida pelas autoridades israelitas.
no dia 5 deste mês o jornal público dava conta do assunto e trazia na sua edição impressa uma entrevista com a jovem israelita que jura não vergar e continua a recusar-se integrar as fileiras do exército por não aceitar o "excessivo uso da força" praticado.
se por um lado a minha melhor amiga é mulher dada à defesa da causa palestiniana, um dos meus melhores amigos, o zé ruah, é judeu e por isso mesmo dado à causa judaica.
o zé e a carmen não se conhecem e provavelmente nunca se irão cruzar, mas são duas pessoas muito importantes para mim, estão em lados diferentes da barricada, salvo seja pois são ambos inteligentes e a barricada aqui é meramente figurativa, mas defendem as suas causas com paixão e rigor e se quem tem o poder, de ambos os lados, esgrimisse argumentos e defendesse causas da forma que estes dois o fazem, o assunto já estaria resolvido e sem derramamento de sangue.
pela minha parte continuarei a apontar excessos, de parte a parte, e a dar razão, a quem a tiver, segundo os meus próprios conceitos e ideais, porque sei que se assim não fosse eles nunca iriam retribuir a amizade que nos une, porque o que nos une é bem mais forte e importante do que aquilo que nos separa.
Comentários
Saúde
Cigarrilha
ès grande José Carlos Soares.
p.s. 5 em atenas ?? que se lixe